quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

COMENTANDO O LIVRO "A CABANA"



João Eduardo Ornelas

No final do ano DE 2009 comecei a ler  comentado livro “A Cabana”, de Willian P. Young,  um dos mais vendidos do momento.  Trata-se de uma história de ficção evangélica, gênero que tem crescido muito ultimamente.  No início minha atenção foi presa pela narrativa agradável do drama do personagem central que tem uma filha assassinada num acampamento de verão, sendo que a menina foi seqüestrada por um serial killer e morta numa cabana abandonada.  O pai sofre muito e não se conforma, e alguns anos depois recebe um convite que apareceu na sua caixa de correio, para que retorne à cabana em determinado dia para um encontro, e o dito bilhete é assinado por Deus.
Mackenzie, é esse o nome do personagem, aceita o convite e quando cruza o umbral da porta da velha cabana, todo o cenário se modifica para uma bela e acolhedora residência, inclusive o cenário exterior também se modifica ficando verdejante e florido. Lá nessa bela casa, Mac encontra nada menos que a Santíssima Trindade, ou seja, Pai, Filho e Espírito Santo. Deus, o pai, se apresenta na forma de uma mulher negra e gorda que adora cozinhar. Jesus, o filho, se apresenta como um jovem carpinteiro que usa calça jeans, um porta  ferramentas de couro na cintura e mantém nos fundos da casa uma carpintaria onde constrói coisas aparentemente por hobbye. O Espírito Santo vem na forma de uma pequena e sorridente mulher oriental. A partir daí se desenrola um dialogo entre os quatro personagens sobre temas existenciais: amor,  ódio, revolta, tristeza,  perdão, etc.
Não posso contar mais porque parei de ler, não consegui continuar. Desculpem-me os fãs do livro, mas achei tudo sem cabimento  porque inevitavelmente passei a analisar a obra à luz da Doutrina Espírita. Talvez se a tivesse lido no tempo em que era católico, teria adorado.  O personagem central estava perdido e inconformado com a morte da filha. Sua religião e o que aprendera no catecismo não o estavam ajudando, precisava de algo novo quando surgiu o convite em sua porta. Tenho certeza que o livro é bom e está influenciando positivamente muitas pessoas. Um amigo o leu e ficou visivelmente impressionado e convencido da necessidade do perdão, e o que é melhor está empenhado em trabalhar esse aspecto em si mesmo.
Segundo a doutrina espírita, bem sabemos, Deus é a causa primária de todas as coisas, é pai, é infinitamente sábio, bom, justo, etc. Jesus Cristo é um espírito como todos nós, não é Deus, tendo sido criado simples e ignorante, e por méritos próprios atingiu o grau de perfeição atual. Todos nós seremos como Ele algum dia, e isso Ele mesmo nos disse  quando aqui esteve: “tudo o que eu faço, vós podereis fazer, e muito mais”. E seguindo o mesmo raciocínio, todos nós temos o potencial de nos tornamos um espírito santo, pois não existe o espírito santo, mas espíritos santos, que são aqueles espíritos já evoluíram a ponto de serem considerados como santos,  patamar que todos nós atingiremos um dia.
Dessa forma o tema central do livro A Cabana afrontou minha inteligência, meus conhecimentos espíritas e  minha fé raciocinada. Quando vejo companheiros espíritas dizendo que vão ler o livro e pedem minha opinião, eu digo exatamente isso que escrevo agora. Se você é espírita e gostou do livro A Cabana, tudo bem. Seja como diversão, passatempo, ou se o livro acrescentou algo à sua vida, ótimo. Como disse o Dalai Lamma que a melhor religião é aquela que te faz melhor, igualmente  tudo que te faz melhor é bem vindo e não pode ser criticado por ninguém. É algo pessoal, somente a própria pessoa pode avaliar.  Mas sinceramente, não acredito que alguém que esteja estudando o espiritismo há algum tempo, que esteja lendo Kardec, Leon Denis e outros, venha gostar do livro A Cabana, ou até mesmo consiga lê-lo a não ser com a finalidade de fazer uma analise critica ou satisfazer a curiosidade. Penso que tem muito coisa boa para ser  lida dentro da literatura espírita e não  justificar a leitura de algo que afronta os princípios racionais da fé somente porque o livro está na moda. O espírita convicto já superou essa fase de ler porque todo o mundo leu, e de gostar porque todo o mundo gostou.
Mas se alguém leu e gostou e se sentiu melhor, estimulado a se melhorar, ótimo. O senso de tolerância e respeito ao próximo, largamente defendido pelos ensinamentos espíritas nos leva a não criticar e ficar feliz pelo outro que está evoluindo a seu modo e a seu tempo. Assim como não devemos criticar outras religiões, devemos ter o mesmo procedimento quanto a outros aspectos que enfocam a relação do homem com Deus, como é o caso desse livro.
Basta um pequeno tour pela internet para ver que a comunidade evangélica também contesta essa obra sob vários aspectos, tendo por base a Bíblia interpretada ao pé da letra como fazem na maioria das vezes, o que não é o nosso caso. É possível que tenha até religião por aí proibindo a leitura do livro, o que seria uma ótima divulgação para o autor, e o melhor é que é gratuita.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Simplicidade Voluntária


 
João Eduardo Ornelas
No artigo anterior, Da Lei do Trabalho, falávamos sobre as armadilhas da coerção social que nos leva a buscar um padrão de vida irreal criando para nos mesmos necessidades factícias. Essas ridículas extravagâncias, no dizer dos espíritos, nos tornam infelizes, eternos insatisfeitos e escravos do trabalho. 

Adquirimos coisas por impulso sem analisar sua real necessidade. Façamos um teste: olhemos nossa casa com “olhos de visita” e procuremos identificar objetos, eletrodomésticos, equipamentos e outros trecos que nos são completamente inúteis e perfeitamente dispensáveis. A maioria das coisas que adquirimos por impulso é muito pouco utilizada e serve somente para nos endividar e tornar a vida mais complicada.

Pensando nessas questões, muitas pessoas no mundo inteiro estão aderindo a uma filosofia chamada “Simplicidade Voluntária”. Os adeptos dessa corrente buscam simplificar suas vidas desligando-se da sociedade consumo visando  conquistar liberdade e felicidade por meio do desapego. Não se trata de aderir a uma vida de mortificação e tampouco fazer voto de pobreza, e sim de não ser escravo do consumo. Quem consome menos pode trabalhar menos e assim reservar tempo para coisas que realmente importam: cuidar dos filhos, curtir a natureza, auxiliar o próximo, etc. Basicamente é trabalhar para viver, e não viver para trabalhar.

Os primeiros passos para aderir à essa filosofia são:

1.    Sermos mais críticos frente à máquina da propaganda moderna. Precisamos aprender a rir da grande maioria dos anúncios de tv que teimam em nos fazer desejar e ver como imprescindíveis seus produtos.

2.    Aprenda a confiar mais na Providência. Se você é uma pessoa de fé em Deus, peça e confie. Claro que o Pai não dará uma serpente ao filho que lhe pede pão. E Jesus nos disse para pedir ao Pai o pão nosso de cada dia. Não pedir todo o pão que vamos consumir durante o mês adiantadamente!... Precisamos aprender a confiar e a nos libertar do "poder do dinheiro".

3.    Enfatize a qualidade de vida acima da quantidade de vida. Recuse-se a definir a vida em termos de TER e não de SER. Cultive a solidão, o silêncio. Descubra maneiras novas de se relacionar consigo mesmo, com os seus, com seus amigos, vizinhos. Valorize mais suas amizades, seus filhos, sua esposa. Aprenda a gastar mais tempo em conversar com seus filhos, seu cônjuge. 

4.    Pratique uma recreação saudável, feliz e livre de aparelhos. Você não precisa de uma roupa cara de corrida para correr em volta do quarteirão. Caminhar, correr e nadar estão entre as melhores formas de exercício humano e requerem um mínimo de equipamento. Achegue-se à terra caminhando pelo campo, acampando e fazendo excursões a pé.

5.    Aprenda a comer sensata e sensivelmente. Rejeite produtos cheios de químicos venenosas, cores artificiais, e outros meios questionáveis usados para produzir alimentos comercializados. Elimine alimentos pré-empacotados.

6.    Conheça a diferença entre viagens significativas e viagens desnecessárias. Para começar, recuse-se a acreditar na mentira de que você perdeu a metade da vida se não viu todos os locais glamurosos desse mundo. Muitas das pessoas mais sábias e mais realizadas no mundo nunca viajaram a parte alguma. Se você viajar, vá com propósito.

7.    Compre coisas por sua utilidade, em vez de status. Ao construir ou comprar casas, deve-se pensar em sua habitabilidade em vez de quanto impressionará os outros. Não tenha mais casa do que é razoável. Afinal, quem precisa de sete cômodos para duas pessoas? Você vive sozinho após criar uma família grande? Em vez de deixar sua casa espaçosa, cheia de lembranças maravilhosas, porque não se mudar para um lugar menor, mais fácil de cuidar?

8.    Mobiliário, decoração da casa, pode ser de bom gosto e utilidade, sem custar um exagero. Sua mobília deve refletir você e não alguma vitrine fria e artificial, que nada tem a ver com você.

9.    Aprenda a comprar barganhas. Procure em lojas de objetos usados e você encontrará muita coisa boa que dará aquele toque especial naquele cômodo de sua casa. Lembre-se também que adquirir um item de que não precisamos, mesmo que a um preço ridiculamente baixo não é vantagem alguma.

10. Uma última palavra precisa ser dita. Simplicidade não significa necessariamente ter só coisas baratas, recicladas. Ela ressoa mais facilmente com preocupações com durabilidade, utilidade e beleza. Muitos itens devem ser escolhidos para durar e não como deseja a sociedade de consumo, para serem substituídos daí a pouco tempo.

Como podemos ver, não é preciso virar nossa vida de cabeça para baixo de uma hora para outra para aderir à Simplicidade Voluntária. É questão de fazer adaptações gradativas em nosso comportamento, modificações praticamente  indolores, mas que no fim representarão uma grande mudança em termos de qualidade de vida e bem estar íntimo.
Vamos tentar?
Fonte: site “Simplicidade Voluntária, uma nova maneira de viver”.
No site estão disponíveis os dez passos iniciais que aqui foram apresentados resumidamente, além de outras dicas e matérias sobre o tema simplicidade voluntária.

DA LEI DO TRABALHO.

Estátua do trabalhador situada na Praça C. Drumond. de Andrade em Muriaé/MG

João Eduardo Ornelas
Respondendo a Kardec sobre o trabalho em O Livro dos Espíritos,   o pessoal do lado de lá chama a atenção para uma questão no mínimo intrigante. Dizem eles: “O trabalho é uma lei natural, mas a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e o gozo”.
É indiscutível que as inovações do mundo moderno são necessárias, pois levam a humanidade ao progresso gerando riquezas, empregos, etc. Por outro lado cria para o homem verdadeiras armadilhas uma vez que o induz ao consumo exacerbado e a buscar atender uma expectativa de sucesso preconizado pela sociedade.  Somos bombardeados a todo o momento com anúncios cuja finalidade é nos induzir a consumir mais e mais, dessa forma temos que trabalhar cada vez mais a fim de fazer frente a essa coerção social.
Dizem ainda os Espíritos que a lei do trabalho é uma lei natural e indispensável para a evolução do homem. Tudo na natureza trabalha até mesmo os animais, ainda que aparentemente apenas cuidem de sua subsistência, mas ao fazê-lo auxiliam a natureza na manutenção de seu equilíbrio. Toda ocupação útil é trabalho, não somente aquilo que é passível de remuneração. Cuidar de uma planta, ler um livro edificante, aprender um instrumento musical, conversar com alguém lhe dando atenção e afeto, participar de um grupo de estudos na casa espírita, enfim tudo que é útil é considerado como trabalho.
Os espíritos chamam a atenção de que os filhos devem trabalhar para os pais quando estes estão  idosos, assim como os pais devem trabalharam para os filhos quando estes estão pequenos. Por outro lado a sociedade tem o dever suster aquele que não tem forças para trabalhar, quer por velhice, quer por alguma invalidez. “O forte deve trabalhar para o fraco, e não tendo este família, a sociedade deve fazer o seu papel. Essa é a lei da caridade”.
Ao final do capítulo Kardec nos  brinda com comentários primorosos. Segundo ele, não basta que o homem tenha consciência da necessidade de trabalhar, é necessário que ele encontre uma ocupação. Está o Mestre Lionês a discorrer sobre os desequilíbrios da economia das nações e as problemáticas do mercado de trabalho que não raras vezes resulta em situações de desemprego generalizado, o que segundo ele pode ser comparado a  um grande flagelo. Os economistas buscam a solução em manter o equilíbrio entre a produção e o consumo, que embora possa ser possível não foi ainda alcançado.
 Kardec apresenta a educação como sendo a grande solução para essa questão. Não a educação intelectual, mas a educação moral, pois a verdadeira educação é aquela que é capaz de formar caracteres e implica na aquisição de novos hábitos. A desordem e a imprevidência seriam duas grandes chagas que somente a educação pode debelar.
Com efeito, boa parte dos problemas financeiros das pessoas pode ser reputada à desorganização e à imprevidência. Outra parte significativa desses problemas fica por conta do fato de a maioria das pessoas não se conformar com seu quinhão na partilha dos bens materiais e tampouco se contenta com seu soldo, o que gera sofrimento e inquietações. Por outro lado aqueles que detêm o poder econômico,  não raro abusam de sua autoridade e impõem a seus inferiores excessos de trabalho não os remunerando de forma condizente.
Somente a educação moral e o conhecimento das leis naturais fará o homem compreender que, seja qual for sua situação, riqueza ou pobreza, patrão ou empregado, esta é a oportunidade de aprendizado e crescimento adequada para o  momento vivenciado dentro do seu contexto evolutivo de espírito imortal. Ambas as situações são provas a vencer e trazem em si  suas dificuldades e suas vantagens. Fracassar significa ficar em débito para com  o universo e para com a própria consciência, ensejando em atraso na jornada para a ainda tão distante perfeição.
Aproveitemos pois o privilégio do conhecimento da Doutrina Espírita que nos proporciona as informações e os instrumentos eficazes para nossa educação moral.
“A educação é o conjunto de hábitos adquiridos” Allan Kardec.
Fonte: O Livro dos Espíritos, parte III, cap. 3 – Da Lei  do Trabalho.

Mensagens depreciativas na campanha eleitoral.

 
João Eduardo Ornelas
Nessa época de eleição há um número assustador de e-mails falando mal dos candidatos, desenterrando fatos apresentando dossiês, supostas fichas criminais, vídeos com discursos, montagens, etc. Confesso que a maioria desses e-mails e mensagens eu sequer leio e raramente repasso algum. Muitas dessas mensagens são ressuscitadas e requentadas de eleições anteriores. Não é que eu queira tapar os olhos para a realidade, mesmo porque essa “realidade” apresentada é altamente questionável, pois as informações carecem de fontes e confirmações e tem um objetivo específico que não é o de esclarecer, mas favorecer um candidato em detrimento de outro. O que me leva a não dar importância a essa enxurrada de mensagens depreciativas e com segundas (e às vezes boas) intenções, é uma tomada de consciência que tento assumir a partir de um conhecimento maior das leis naturais que regem nossa existência, adquirido pelos estudos da Doutrina Espírita. Todos os seres humanos do planeta terra tem defeitos e qualidades e  cada um colhe inexoravelmente aquilo que planta. Cada um atua em seu cenário próprio trazido a ele por atos do passado, tendo oportunidade de reparar os erros desse passado e plantar as sementes do futuro.

Tem chamado a atenção a situação do candidato a deputado federal mais votado do Brasil, o humorista Tiririca que obteve  mais de um milhão de votos. Circulam mensagens de indignação lembrando quanto ganha um deputado federal entre salários e regalias. Num primeiro momento o fato é deprimente e revoltante, mas analisemos sob outro prisma: Tiririca é como todos nós fruto de uma sociedade imperfeita e atrasada moralmente. Ele está como todos sujeito ao tribunal da consciência (o único  e verdadeiro tribunal, diga-se de passagem) pelo qual responderá pelas conseqüências de seus atos. Caso não faça nada de útil no Congresso, não será o primeiro nem o último a ter essa conduta. Lembremos que a responsabilidade é proporcional à oportunidade, aquele que está numa posição privilegiada que o permite fazer algo de bom para a coletividade e não o faz, será duramente cobrado pela vida no futuro. Diferentemente daquele que quer fazer, mas não tem oportunidade. E se em vez de fazer o bem fizer o mal, muito maior o seu comprometimento. 

Segundo Raul Teixeira as pessoas que ocupam cargos políticos e agem com desonestidade, se entregando à corrupção e ao enriquecimento ilícito, desviando verbas de saúde, educação e merendas escolares dentre outras, tendem a reencarnar numa condição em que a despeito de possuírem grandes qualificações profissionais, não conseguem um bom emprego, não são aprovadas em concursos, etc. A sociedade fecha as portas para aquele que a maltratou no passado não lhe dando oportunidades. Conhecemos ou já ouvimos falar de  pessoas assim que possuem cursos diversos, doutorados, são poliglotas e apesar de tudo estão desempregadas ou em emprego muito abaixo de suas qualificações. 

Benjamim Franklin opinou que os políticos de modo geral  são movidos pelo interesse pessoal e não pensam no bem coletivo. O que acontece é que, algumas de suas medidas tomadas em interesse próprio acabam por favorecer toda a sociedade por força do exercício da função pública. É o caso do prefeito que busca fazer muitas obras para adquirir prestígio e ser eleito deputado; e uma vez deputado esforça-se por agradar ao eleitorado para ter respaldo de concorrer ao Senado ou ao Governo do Estado e assim por diante. O que o move é interesse pessoal, mas nessa sua escalada política executa muitas obras benéficas à população.  Tudo isso nada mais é que a providencia divina agindo no mundo, cuidando para que as pessoas tenham gradativo acesso a melhores condições de vida, saúde, educação, transporte, apesar de não ser essa a motivação  principal dos políticos. Mesmo atendendo a apelos do egoísmo e vaidade, os políticos acabam sendo instrumento do bem e do progresso, ainda que sem querer. Por isso não podemos dizer que nada de bom advirá da conduta do Tiririca ou de quem quer que seja no cenário político. Não julguemos, essa é a norma para a qual devemos nos atentar.

Dizer que todo político é corrupto e mal intencionado é exagero. Mas é fato que o processo político é tão cruel, tão cheio de artimanhas e armações que afasta dele a maioria das pessoas de bem que não se sujeitam a tal situação. Todo político de carreira, por melhor que seja não se furta a enganar, omitir, dissimular, a defender idéias que não partilha ou acredita somente para conseguir o voto, de trabalhar sua imagem de forma artificial para atrair apoio popular, de fazer acordos espúrios em nome de seu projeto de poder. Aquele que entrar para a política dizendo somente a verdade, não se sujeitando ter sua imagem mascaradas pelos marqueteiros dificilmente será eleito, e caso seja não se manterá no cenário por muito tempo. Acredito (quero acreditar) em exceções. 

Não digo de forma alguma que devamos ignorar o momento eleitoral em nosso país. Ao contrário devemos sim procurar informações tão seguras quanto possível a respeito das propostas dos candidatos bem como sua trajetória política para melhor formarmos nossa opinião. Mas convenhamos, essas mensagens que circulam pelos e-mails não são um instrumento eficaz para isso. Servem sim para promoverem um sentimento de revolta e indignação espalhando baixas vibrações. Cada internauta que abre e lê uma mensagem dessas e se indigna com o seu conteúdo passando a emitir pensamentos e sentimentos de revolta, ajuda a baixar a vibração do planeta. Caso repasse a mensagem para toda sua lista de contatos está colaborando para um estrago muito maior uma vez que o sentimento de revolta é replicado. É por isso que raramente leio e mais raramente ainda reenvio. Às vezes até fico curioso, mas procuro me controlar e passar ao largo.

Acredito que nesses momentos é aconselhável pensar em nossas vidas pessoais e nos questionarmos: será que estamos fazendo todo o bem ao nosso alcance em nosso pequeno campo de ação? O que estamos fazendo para melhorar nosso mundo? Pensemos nisso e oremos pelos nossos políticos, pois eles têm uma oportunidade muito grande de fazer o bem, mas na mesma proporção correm um grande risco de se comprometerem seriamente com as leis de retorno caso se deixem levar pelo caminho da desonestidade. 

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Apresento uma questão conhecida e que circula na internet há algum tempo. Não posso afirmar a veracidade das informações.
Questões para pensar a respeito...
Questão 2: Estamos no tempo de eleger um novo líder mundial, e o seu voto é contado. Segue alguns detalhes sobre os três candidatos.
Candidato A: Associado com políticos corruptos, consulta astrólogos. Ele tem duas amantes. Ele também  fuma um cigarro após o outro e bebe de 8 a 10 drinques de Martini por dia.
Candidato B: Ele foi expulso do trabalho duas vezes. Dorme até de tarde, usou ópio no colégio e bebe um quarto de garrafa de whisky toda noite.
Candidato C: Ele foi condecorado como heroí de guerra, é vegetariano, não fuma, bebe ocasionalmente  uma cerveja e não tem nenhum caso fora do casamento.
Qual desses candidatos você escolheria?Decidiu?
Candidato A é Franklin D. Roosevelt
Candidato B é Winston Churchill
Candidato C é Adolph Hitler
Para aprendermos a não julgar, e aceitar melhor as pessoas e suas decisões ...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

A FUSÃO DO ESPÍRITO COM A BONDADE DIVINA


João Eduardo Ornelas
As obras da codificação nos surpreendem a cada vez que as lemos. Comumente identificamos passagens, ou até mesmo uma frase que haviam passado despercebidas e que encerram em si ensinamentos profundos suscitando profundas reflexões. É por isso que a leitura das obras básicas é uma tarefa perene. Divaldo Franco relatou que dedica religiosamente meia hora por dia para leitura de O Livro dos Espíritos. Ele, um orador com 60 anos de trabalhos prestados na divulgação do espiritismo no Brasil e exterior, um médium incomum que psicografou dezenas de livros e que está em constante intercâmbio com entidades de escol que o assistem, mantém tamanha disciplina de estudos das obras básicas. O que dizer então da necessidade da maioria de nós que ainda engatinha no conhecimento e na prática espírita?!
Proponho fixarmos numa dessas passagens inspiradoras extraída do livro O Céu e o Inferno em sua segunda parte, mais especificamente a comunicação de um espírito que é identificado como “um médico russo”. Nosso amigo narra que sua passagem foi tranqüila, sem qualquer abalo se viu do outro lado feliz e desembaraçado da mísera carcaça (o corpo físico). Foi acercado de inúmeros amigos que o antecederam no desencarne, reconhecendo neles pessoas que havia ajudado, certamente na condição de médico aqui no planeta.  Informa que teve muitas existências e um longo aprendizado, o que lhe permitia agora desfrutar de um lugar de certa elevação no plano espiritual. Revela-se imensamente feliz.
Kardec então pergunta em que consiste sua felicidade. A resposta, diz o médico russo, nos é de  difícil compreensão, sendo uma espécie de contentamento extremo de si mesmo mas destituído de qualquer orgulho ou vaidade posto que esses são predicados de espíritos pouco evoluídos. Seria algo como se sentir saturado, imerso no amor divino. É a alegria infundida pela prática do bem, é saber que se usou o livre arbítrio contribuindo com o progresso de outras pessoas auxiliando-as a se elevarem rumo ao criador. A identificação com essa sensação, o bem estar provocado pela prática do bem, segundo nosso personagem seria oriundo da fusão do espírito com a bondade divina.
Analisemos esse diálogo do insigne codificador Allan Kardec com o medico desencarnado e busquemos extrair dele os ensinamentos preciosos. A felicidade sentida pelo comunicante se estrutura na satisfação infundida pela prática do bem no auxílio ao próximo. Temos aí mais uma vez, de forma inequívoca a receita para nossa realização: a caridade. Esse homem como ele próprio deixa transparecer em suas palavras, cumpriu os objetivos de suas encarnações conforme nos é colocada  na questão 132 de O Livro dos Espíritos: Aperfeiçoou-se passando pelas vicissitudes da matéria em várias encarnações; passou por provas e certamente expiações tirando delas lições para seu crescimento; contribuiu na parte que lhe tocou na obra da criação. Todas essas conquistas o levaram a uma posição privilegiada no mundo espiritual, privilegio esse que não se traduzia em gozo inerte, mas em desejo de continuar trabalhando no bem, agora muito mais tendo em vista as conquistas morais adquiridas que o tornaram mais capaz.
Fazer o bem pelo bem com todo o coração sem visar qualquer tipo de recompensa faz com estejamos fundidos com a bondade divina. Essa fusão pode ser sentida aqui na terra, e certamente alguns a sentiram na maior parte de suas vidas físicas: Chico Xavier, Madre Tereza, Gandhi e outros, muitos deles anônimos. Até mesmo alguns  de nós às vezes sentimos em breves instantes essa fusão do espírito com a bondade divina quando nossas ações resultam num bem aos outros e ao mundo e somos então invadidos por uma sensação de felicidade e bem estar. Mas é por pouco tempo, pois logo o interesse pessoal, o egoísmo e o orgulho ainda muito fortes em nós reassumem suas posições e essa felicidade ainda fugidia e rara em nossa atual vida se esvanece rapidamente.
Ainda estamos longe de fazer o bem espontaneamente, mas somente a custa de muito esforço e sacrifício, porém o façamos de qualquer forma, pois como muito bem disse Emmanuel, “a disciplina antecede à espontaneidade”. Nosso amigo, o medico desencarnado cujas palavras ora analisamos atingiu esse patamar onde consegue fazer o bem naturalmente. Está mergulhado na bondade divina, pois certamente já o estava aqui na terra. A situação vivenciada no plano físico, boa ou má, feliz ou desgraçada prossegue no plano espiritual acentuada não por um agravamento, mas pelo aumento das percepções e sensibilidade do ser agora livre das amarras do corpo físico.
Nosso personagem embora adiantado não atingiu ainda a angelitude. Segundo ele próprio nos narra  conquistou o dom de ver os espíritos mais adiantados, compreender-lhes as missões e saber que num futuro estará na mesma condição. Consegue entrever regiões em que brilha o fogo divino que a nada na terra pode ser comparado, nem mesmo à luz do sol. E conclui seu raciocínio dizendo que é uma grande ventura pensar na possibilidade de se progredir infinitamente.
Estamos todos mergulhados no fluido divino e depende de nós buscarmos a sintonia adequada por meio do “orai e vigiai”. Podemos também sentir a felicidade oriunda da fusão do espírito com a bondade divina na medida em que nos tornemos melhores combatendo em nós o egoísmo e praticando a caridade conforme a entendia Jesus Cristo: benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias e o perdão das ofensas. 

INSTINTO, INTELIGÊNCIA E ESCOLHAS


João Eduardo Ornelas
 Os atrativos da matéria densa foram criados por Deus para que nosso estágio na terra não fosse tão doloroso e se cumprisse no tempo necessário. Caso não houvesse nenhuma satisfação em viver encarnado o homem não teria estímulos para manter-se vivo. O prazer no sexo garante a procriação. O prazer na alimentação garante os nutrientes necessários à sobrevivência. Caso não existissem, se não houvesse atrativo no sexo, porque praticá-lo? O mesmo pode-se dizer da comida, se não tivesse sabor ao paladar, porque ingeri-la? O homem se entregaria ao desânimo, se enfraqueceria e desencarnaria rapidamente sem ter assimilado as experiências necessárias à sua evolução. A existencia da humanidade terrestre estaria comprometida.
 Dentro do limite esses prazeres são importantes e até indispensáveis para sobrevivência da espécie, mas ultrapassados esses limites tornam-se nocivos e tendem a prender o espírito na matéria um tempo maior do que o necessário atrasando assim sua evolução. Segundo Hermínio C. Miranda “É preciso compreender que os prazeres que a vida na matéria proporciona não foram criados com a intenção ardilosa de seduzir a entidade espiritual, mas como uma espécie de compensação pelos desconfortos e dificuldades que ela igualmente oferece”. (livro Alquimia da Alma, pág. 32)
 O sexo e alimentação são instintivos. Segundo Allan Kardec “o instinto é a força oculta que solicita os seres orgânicos a atos espontâneos e involuntários tendo em vista a conservação deles” (A Gênese, cap. III, pág 74-FEB). Levada pelo instinto uma  planta procura naturalmente a luz do sol e lança suas raízes para a terra e um animal tido como irracional busca o melhor ambiente para sua sobrevivência. É também pelo instinto que uma criança faz os primeiros movimentos, chora e busca o seio materno a fim de saciar a fome. A respeito do instinto Kardec não chegou a uma conclusão precisa quanto à sua natureza exata, deixando em aberto a questão. Concluiu apenas que provém de uma causa inteligente, já que é sempre sábio e correto e visa à preservação do ser. Uma de suas hipóteses é que talvez seja ação direta do anjo guardião de cada ser que age visando preserva-lhe a vida e a integridade em situações em que não pode se cuidar sozinho, corroborando para essa teoria o fato de que o instinto predomina sobretudo nas crianças e nos seres cuja razão é fraca.
 Mas o ser humano não fica indefinidamente sob influencia dos instintos, já que possui inteligência e à medida que essa se desenvolve, a ação do instinto diminui. A inteligência no dizer de Kardec “se revela por atos voluntários, refletidos, premeditados, combinados, de acordo com a oportunidade das circunstancias” (A Gênese, cap. III, pág. 75, FEB). O instinto é automático e independe de nossa vontade, a inteligência é deliberada sendo, portanto livre. Enquanto o primeiro é sempre correto e seguro, a segunda exatamente por ser livre está sujeita a errar. Com o aumento da inteligência outro atributo se desenvolve, o livre-arbítrio que é a autonomia de escolha. E nem sempre o ser humano escolhe com acerto, pois sua inteligência avalia aspectos de seu interesse que por vezes são movidos pelo egoísmo e pelo orgulho. Assim é que embora o instinto de sobrevivência leve o ser a procurar segurança, a inteligência, o livre-arbítrio podem levá-lo a praticar esportes radicais que põe em risco sua vida somente pela emoção que o perigo proporciona. Essa mesma inteligência quando focada em interesses vis e inescrupulosos leva a muitos a optarem pela criminalidade como meio de obter poder, riqueza e prazer.
 Observa-se muitas vezes que enquanto o instinto impera no ser seus efeitos são corretos e benéficos levando a resultados satisfatórios. Quando, porém a inteligência se desenvolve e passa a substituir o instinto, já não se observa mais essa segurança de resultados, uma vez que como já foi colocado a inteligência é livre e sujeita os equívocos. Essa constatação levou Allan Kardec a fazer uma consideração a respeito do instinto maternal, o mais nobre de todos, e que no seu entendimento não devieria ser entregue às eventualidades caprichosas da inteligência e do livre-arbítrio, pois por intermédio da mãe o próprio Deus vela pelas suas criaturas que nascem.
 Com efeito, o instinto maternal é presente em todas as espécies. Qualquer fêmea da raça animal dita irracional, movida pelo instinto protege sua cria pondo em risco sua própria vida. Na raça humana, porém, dotada de inteligência e livre-arbítrio acontecem fatos lamentáveis tais como abortos, crianças abandonadas à própria sorte e às vezes atiradas ao lixo logo que nascem.
 Mas porque será que Deus permite que tal aconteça? As leis de Deus são perfeitas e justas e visam somente ao bem sendo que o homem encontra em si mesmo tudo o que é necessário para cumpri-la. Essas leis estão inscritas nas consciências dos homens e Deus mesmo as fez lembrar através de seus enviados, os messias e profetas em todos os tempos: Sócrates, Confúcio, Buda e Jesus, nosso mestre maior. E há 152 anos nos enviou o consolador prometido , aquele que veio para relembrar  e completar os ensinamentos  cristãos:  o Espiritismo. As rotas divinas são seguras e se o homem não as segue é por seu livre-arbítrio, e por isso sofre como conseqüência de seus atos equivocados.
 Diante do exposto poderíamos perguntar: se o homem erra ao usar a inteligência e o livre arbítrio não lhe seria melhor permanecer vivendo ao nível dos instintos? Dessa forma não seriam cometidos erros absurdos e cruéis como o da mãe que abandona o filho recém nascido. Entendamos contudo que o objetivo da vida é a evolução, o progresso, o crescimento. Querer permanecer ao nível dos instintos para não assumir as responsabilidades do agir pela inteligência é recusar a evolução. Seria como querer permanecer criança freqüentando a escola infantil recusando-se a crescer e cursar o segundo grau e a universidade.
 O homem é o rei da criação e nele Deus deposita a esperança de grandes feitos. Pela inteligência o homem impulsionou o progresso. O instinto apesar de guia seguro o mantinha em situações de atraso cultural, tinha pouca influencia no meio ambiente e era presa fácil dos males naturais, dos cataclismos etc. Pela  inteligência o homem desenvolveu a agricultura, a pecuária e a ciência em geral. Alcançou altos níveis de conhecimento embora esteja ainda engatinhando sob vários aspectos, sobretudo quanto a desenvolvimento moral.
 Deus criou o bem, o mal nasce do agir errado dos homens. Mas chega um dia em que cada um sente no intimo a necessidade de mudar, cansa de sofrer e praticar o mau, e açodado pelo sofrimento decide pelo mesmo livre arbítrio que o levou a traçar caminhos tortuosos, a agora procurar caminhos corretos. É o momento de crescer de fato. A dor é o aguilhão que impulsiona a evolução. Portanto não reclamemos dessa que é o um grande recurso didático da escola da vida, mas antes aprendamos com ela a encontrar nosso caminho para o Alto, a utilizar nossa liberdade de escolha com sabedoria nos desvencilhando das amarras dos instintos primitivos.
“A dor é o rompimento do casulo que envolve nossa compreensão”. (Kalil Gibran)

Fatalidades e Tragédias Coletivas


João Eduardo Ornelas
Sempre que  acontece uma tragédia coletiva, como a queda do avião da Air France que fazia conexão Rio X Paris, a consternação é geral e muitas dúvidas surgem na cabeça das pessoas. Foi uma fatalidade? Existe um destino pré-determinado? As pessoas que passam por tais experiências são escolhidas aleatoriamente? Porque Deus permite tal coisa em que morrem vários “inocentes”? Será que temos mesmo o livre-arbítrio?
O Espiritismo vem lançar uma luz sobre todas essas indagações, e vamos citá-las resumidamente com o intuito de estimular o leitor a se aprofundar no estudo das obras espíritas.
A fatalidade existe somente pela escolha feita pelo espírito ao reencarnar, de passar por essa ou aquela prova (1). Pela lei da reencarnação retornamos várias vezes no cenário terreno a fim de evoluirmos. Quando erramos, precisamos reparar o erro e assimilar o aprendizado inerente àquela experiência. Nosso livre-arbítrio é usado a todo o momento construindo assim nosso futuro. Somos livres para agir, mas prisioneiros da conseqüência de nossos atos. Assim, erros específicos do passado criam a necessidade de desencarnarmos de forma violenta, em acidentes ou assassinatos. Criamos então nossa fatalidade, ao agirmos de forma errada suscitando a necessidade da reparação, e ao escolhermos determinada reencarnação para passarmos pela prova e expiação de determinados atos.
Diz Allan Kardec que, venha de que forma for ninguém deixa de morrer quando chega a hora, a única diferença é que por uma tragédia coletiva, acontecem várias mortes ao mesmo tempo, o que provoca maior impacto (2). Nada nas leis de Deus é inútil. Uma tragédia ou flagelo, além servir de instrumento para a lei de retorno, traz outros benefícios para a humanidade: fazê-la evoluir mais rápido, mostrar ao homem sua pequenez diante de Deus, e oportunidade de se exercitar a fraternidade, abnegação, caridade e paciência.
As pessoas que tem na sua trajetória a programação de desencarnarem num evento coletivo, geralmente estiveram juntas no passado cometendo delitos em comum. No conhecido  caso do incêndio do Edifício Joelma em São Paulo no ano de 1974  as vítimas foram cúmplices de atrocidades contra pessoas inocentes nos tempos das Cruzadas (3). Outro caso conhecido do público e comentado no meio espírita é o incêndio do Gran Circus Norte-americano na cidade de Niterói em 1961, em que as vítimas de então haviam sido algozes dos cristãos na cidade de Lião no ano 177(4).
A reunião dos envolvidos se dá por atração e por compromisso. Segundo Emmanuel, cúmplices de atrocidades do passado voltam ao cenário terreno com compromisso de encontro marcado para desencarnação conjunta em acidentes públicos (5). Os prepostos do Cristo convocam os endividados do pretérito para o resgate em conjunto, ou seja, os espíritos se encarregam de atrair para os eventos as pessoas certas, e de afastar aqueles que devem ser afastados (6). Por isso não há inocentes envolvidos, e muitos são livrados na ultima hora por um fato fortuito, como um despertador que não funcionou, um pneu que furou ou uma intuição forte evitando por exemplo  que se embarque em determinado avião.
O homem poderia evitar ou amenizar várias dessas tragédias, se desse ouvido ao bom senso, se pensasse de forma mais fraterna e menos materialista. Mas por usa própria culpa acaba agravando o fato (7).
Pessoas que desencarnam dessa forma, na sua maioria são espíritos com certo adiantamento moral, pois Deus cobra daqueles que tem condições de pagar. Segundo Herculano Pires, são pessoas que abraçam a prova porque cresceram no amor e trazem em si a justiça imanente. Erraram no passado, mas hoje são heróis do amor no sacrifício reparador (8). Normalmente são recebidas com festas e congratulações no mundo espiritual porque são consideradas vitoriosas, cumpriram com galhardia a tarefa abraçada. Afinal, “As grandes provas são quase sempre um indício de um fim de um sofrimento e de aperfeiçoamento do espírito, desde que  sejam aceitas por amor a Deus” (9).  
A doutrina espírita tem a explicação clara, racional e objetiva pra todas essas questões. E como devemos nos comportar diante da possibilidade da tragédia em nossas vidas? Um dos efeitos do conhecimento é debelar o medo, a insegurança. Somos espíritos imortais e a única fatalidade irreversível é a evolução, à qual estamos fadados inexoravelmente. O objetivo da lei é educar, e não punir, e por isso pode ser flexibilizada.  Conquistar o progresso almejado pela prática do bem faz com que as provas pesadas em nossa vida não sejam mais necessárias ou se tornem mais brandas. Assim podemos evitar ter que passar por um acidente fatal, por uma doença grave ou qualquer outro evento que estava programado a fim de garantir nosso crescimento, se esse crescimento estiver se realizando de forma construtiva na realização de um trabalho no bem e que faça a diferença no mundo ao nosso redor (10).
Nós, consciências endividadas podemos melhorar nossos créditos todos os dias com a prática do bem, do amor e da oração. Gerando novas causas podemos interferir nas causas do mal praticado ontem, neutralizando-as e reconquistando com isso nosso equilíbrio (11) Nosso sofrimento pode ser suavizado ou até anulado pela prática do bem (12). 
O amor cobre uma multidão de pecados. (13)

(1)    “O Livro dos Espíritos” Q 851
(2)    Idem Q 738-b
(3)    "Diálogo dos Vivos" Chico Xavier/
(4)    "Cartas e Crônicas" Chico Xavier/Humberto de Campos (ed. FEB), cap. 6.
(5)    “Chico Xavier Pede Licença” – C. Xavier/ H. Pires/ Espíritos Diversos
(6)    “O Consolador” – Chico Xavier/Emmanuel
(7)    “O Livro dos Espíritos” Q 741
(8)    “Chico Xavier Pede Licença” – C. Xavier/ H. Pires/ Espíritos Diversos
(9)    “Evangelho Segundo o Espiritismo” – Cap. 14
(10)“O Livro dos Espíritos” Q 860
(11)André Luiz – “Ação e Reação”
(12)Allan Kardec – “O Céu e o Inferno”
(13)Palavras do Apóstolo Pedro.

RECURSOS VISUAIS EM EXPOSIÇÕES ESPÍRITAS.


J E Ornelas
Aos poucos as casas espíritas vão adotando o uso do recurso do projetor multimídia, também chamado data show. Esse equipamento traz a vantagem de tornar a exposição mais dinâmica, envolvente e proporcionar o aprendizado ou assimilação do tema por meio também dos estímulos visuais. Além de ouvir, é importante ver para melhor fixar a mensagem.
Existem segundo os especialistas três formas de se aprender: ouvindo, vendo e sentindo. Todos nós utilizamos esses três canais, mas sempre um mais que os outros, e é bom que saibamos qual para podermos direcionar melhor nosso aprendizado.
Os auditivos tem a mente  mais voltada para a lógica e  compreendem melhor o mundo através do ouvido. São mais seletivos sobre as palavras que usam, porque as palavras significam muito para eles, por isso são cuidadosos no que dizem e prestam muita atenção naquilo que ouvem.
Os visuais têm a mente virada mais para o lado da beleza, organização e limpeza. Compreendem melhor o mundo através daquilo que vêem, através de imagens, e usam frases assim: "É assim que vejo isto", "Eu vejo o seu ponto de vista".
Os sinestésicos são voltados para as sensações, para os sentimentos. As pessoas sinestésicas não vêem e nem ouvem o mundo, apenas sentem o mundo. Reagem a sensações. Suas frases características são: "Eu senti bastante o que você disse", ou "Não senti firmeza naquelas palavras".
Já diziam os japoneses: uma imagem vale mais que mil palavras. Mas baseando no que foi citado até aqui, o essencial é unir imagens, palavras e sentimento. Assim sendo, o expositor espírita dever ter o cuidado de, se possível (nem sempre dispõe de recursos visuais) trabalhar esses três aspectos. Pelo fato de usar um projetor de imagens, não deve se descuidar de sua exposição oral, e muito menos deixar de colocar o sentimento, o coração e a emoção naquilo que tenta transmitir. A melhor forma de fazê-lo é estar apaixonado pelo tema abordado.
Algumas pessoas são resistentes às inovações tecnológicas dentro do movimento espírita. Palestrantes há que até hoje tem preconceito com o microfone. Alguns criticam o uso do data show, dizendo que está tornando as exposições  uma simples apresentação de figurinhas com fundos musicais e com pouco conteúdo. Quando isso acontece a culpa não é do equipamento, mas do palestrante que relaxou na preparação. Não devemos condenar a tecnologia pelo seu mau uso.
Não  nos esqueçamos que expositores mais cuidadosos se esmeram na confecção de cartazes, álbuns seriados e na utilização do quadro para reforçar as mensagens que querem passar. O projetor multimídia vem trazer facilidade e brilho a esse trabalho que deixa de ser feito artesanalmente. O principal é que com seu uso mantenha-se os antigos entusiasmos com a apresentação oral e com o sentimento, ou seja, falar com amor e emoção e principalmente com fundamento sobre a doutrina espírita.
Observemos os dados abaixo quanto à retenção do aprendizado:
Retemos:
·         10% do que lemos
·         20% do que escutamos
·         30% do que vemos
·         50% do que vemos e escutamos
·         70% do que ouvimos e logo discutimos
·         90% do que ouvimos e logo realizamos.
Daí deduzimos a importância de se trabalhar todos os estímulos, auditivos, visuais e sensitivos. Vemos também a necessidade da atividade tanto verbal (conversar sobre o que ouviu) quanto prática (praticar o que ouviu), para a retenção do aprendizado. Assim quando assistimos a uma palestra na Casa Espírita, e chegamos em casa ou no trabalho e falamos sobre ela com outras pessoas, estaremos reforçando a retenção daqueles conhecimentos. Reforçaremos mais ainda se praticarmos aquilo que foi dito.
Os pedagogos concluíram também que, conforme o método de ensino utilizado, as informações ficam retidas mais ou menos tempo em nossa mente. Vejamos:
Método de ensino dados retidos após 3 horas  dados retidos após 3 dias
Somente oral  70% 10%
Somente visual 72% 20%
Visual e oral  85% 65%
Concluímos então que é válido e necessário a utilização de todos os recursos disponíveis para incrementar as exposições nas casas espíritas, a fim de fixar na platéia os preciosos ensinamentos dessa doutrina libertadora e consoladora. Não devemos ter preconceitos com inovações, lembremos que estamos apenas engatinhando em termos de tecnologias comparados ao mundo espiritual, onde segundo relatos de André Luis e outros espíritos há vasta utilização dos mais variados equipamentos nas atividades desenvolvidas.