segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Simplicidade Voluntária


 
João Eduardo Ornelas
No artigo anterior, Da Lei do Trabalho, falávamos sobre as armadilhas da coerção social que nos leva a buscar um padrão de vida irreal criando para nos mesmos necessidades factícias. Essas ridículas extravagâncias, no dizer dos espíritos, nos tornam infelizes, eternos insatisfeitos e escravos do trabalho. 

Adquirimos coisas por impulso sem analisar sua real necessidade. Façamos um teste: olhemos nossa casa com “olhos de visita” e procuremos identificar objetos, eletrodomésticos, equipamentos e outros trecos que nos são completamente inúteis e perfeitamente dispensáveis. A maioria das coisas que adquirimos por impulso é muito pouco utilizada e serve somente para nos endividar e tornar a vida mais complicada.

Pensando nessas questões, muitas pessoas no mundo inteiro estão aderindo a uma filosofia chamada “Simplicidade Voluntária”. Os adeptos dessa corrente buscam simplificar suas vidas desligando-se da sociedade consumo visando  conquistar liberdade e felicidade por meio do desapego. Não se trata de aderir a uma vida de mortificação e tampouco fazer voto de pobreza, e sim de não ser escravo do consumo. Quem consome menos pode trabalhar menos e assim reservar tempo para coisas que realmente importam: cuidar dos filhos, curtir a natureza, auxiliar o próximo, etc. Basicamente é trabalhar para viver, e não viver para trabalhar.

Os primeiros passos para aderir à essa filosofia são:

1.    Sermos mais críticos frente à máquina da propaganda moderna. Precisamos aprender a rir da grande maioria dos anúncios de tv que teimam em nos fazer desejar e ver como imprescindíveis seus produtos.

2.    Aprenda a confiar mais na Providência. Se você é uma pessoa de fé em Deus, peça e confie. Claro que o Pai não dará uma serpente ao filho que lhe pede pão. E Jesus nos disse para pedir ao Pai o pão nosso de cada dia. Não pedir todo o pão que vamos consumir durante o mês adiantadamente!... Precisamos aprender a confiar e a nos libertar do "poder do dinheiro".

3.    Enfatize a qualidade de vida acima da quantidade de vida. Recuse-se a definir a vida em termos de TER e não de SER. Cultive a solidão, o silêncio. Descubra maneiras novas de se relacionar consigo mesmo, com os seus, com seus amigos, vizinhos. Valorize mais suas amizades, seus filhos, sua esposa. Aprenda a gastar mais tempo em conversar com seus filhos, seu cônjuge. 

4.    Pratique uma recreação saudável, feliz e livre de aparelhos. Você não precisa de uma roupa cara de corrida para correr em volta do quarteirão. Caminhar, correr e nadar estão entre as melhores formas de exercício humano e requerem um mínimo de equipamento. Achegue-se à terra caminhando pelo campo, acampando e fazendo excursões a pé.

5.    Aprenda a comer sensata e sensivelmente. Rejeite produtos cheios de químicos venenosas, cores artificiais, e outros meios questionáveis usados para produzir alimentos comercializados. Elimine alimentos pré-empacotados.

6.    Conheça a diferença entre viagens significativas e viagens desnecessárias. Para começar, recuse-se a acreditar na mentira de que você perdeu a metade da vida se não viu todos os locais glamurosos desse mundo. Muitas das pessoas mais sábias e mais realizadas no mundo nunca viajaram a parte alguma. Se você viajar, vá com propósito.

7.    Compre coisas por sua utilidade, em vez de status. Ao construir ou comprar casas, deve-se pensar em sua habitabilidade em vez de quanto impressionará os outros. Não tenha mais casa do que é razoável. Afinal, quem precisa de sete cômodos para duas pessoas? Você vive sozinho após criar uma família grande? Em vez de deixar sua casa espaçosa, cheia de lembranças maravilhosas, porque não se mudar para um lugar menor, mais fácil de cuidar?

8.    Mobiliário, decoração da casa, pode ser de bom gosto e utilidade, sem custar um exagero. Sua mobília deve refletir você e não alguma vitrine fria e artificial, que nada tem a ver com você.

9.    Aprenda a comprar barganhas. Procure em lojas de objetos usados e você encontrará muita coisa boa que dará aquele toque especial naquele cômodo de sua casa. Lembre-se também que adquirir um item de que não precisamos, mesmo que a um preço ridiculamente baixo não é vantagem alguma.

10. Uma última palavra precisa ser dita. Simplicidade não significa necessariamente ter só coisas baratas, recicladas. Ela ressoa mais facilmente com preocupações com durabilidade, utilidade e beleza. Muitos itens devem ser escolhidos para durar e não como deseja a sociedade de consumo, para serem substituídos daí a pouco tempo.

Como podemos ver, não é preciso virar nossa vida de cabeça para baixo de uma hora para outra para aderir à Simplicidade Voluntária. É questão de fazer adaptações gradativas em nosso comportamento, modificações praticamente  indolores, mas que no fim representarão uma grande mudança em termos de qualidade de vida e bem estar íntimo.
Vamos tentar?
Fonte: site “Simplicidade Voluntária, uma nova maneira de viver”.
No site estão disponíveis os dez passos iniciais que aqui foram apresentados resumidamente, além de outras dicas e matérias sobre o tema simplicidade voluntária.

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