segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

DA LEI DO TRABALHO.

Estátua do trabalhador situada na Praça C. Drumond. de Andrade em Muriaé/MG

João Eduardo Ornelas
Respondendo a Kardec sobre o trabalho em O Livro dos Espíritos,   o pessoal do lado de lá chama a atenção para uma questão no mínimo intrigante. Dizem eles: “O trabalho é uma lei natural, mas a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e o gozo”.
É indiscutível que as inovações do mundo moderno são necessárias, pois levam a humanidade ao progresso gerando riquezas, empregos, etc. Por outro lado cria para o homem verdadeiras armadilhas uma vez que o induz ao consumo exacerbado e a buscar atender uma expectativa de sucesso preconizado pela sociedade.  Somos bombardeados a todo o momento com anúncios cuja finalidade é nos induzir a consumir mais e mais, dessa forma temos que trabalhar cada vez mais a fim de fazer frente a essa coerção social.
Dizem ainda os Espíritos que a lei do trabalho é uma lei natural e indispensável para a evolução do homem. Tudo na natureza trabalha até mesmo os animais, ainda que aparentemente apenas cuidem de sua subsistência, mas ao fazê-lo auxiliam a natureza na manutenção de seu equilíbrio. Toda ocupação útil é trabalho, não somente aquilo que é passível de remuneração. Cuidar de uma planta, ler um livro edificante, aprender um instrumento musical, conversar com alguém lhe dando atenção e afeto, participar de um grupo de estudos na casa espírita, enfim tudo que é útil é considerado como trabalho.
Os espíritos chamam a atenção de que os filhos devem trabalhar para os pais quando estes estão  idosos, assim como os pais devem trabalharam para os filhos quando estes estão pequenos. Por outro lado a sociedade tem o dever suster aquele que não tem forças para trabalhar, quer por velhice, quer por alguma invalidez. “O forte deve trabalhar para o fraco, e não tendo este família, a sociedade deve fazer o seu papel. Essa é a lei da caridade”.
Ao final do capítulo Kardec nos  brinda com comentários primorosos. Segundo ele, não basta que o homem tenha consciência da necessidade de trabalhar, é necessário que ele encontre uma ocupação. Está o Mestre Lionês a discorrer sobre os desequilíbrios da economia das nações e as problemáticas do mercado de trabalho que não raras vezes resulta em situações de desemprego generalizado, o que segundo ele pode ser comparado a  um grande flagelo. Os economistas buscam a solução em manter o equilíbrio entre a produção e o consumo, que embora possa ser possível não foi ainda alcançado.
 Kardec apresenta a educação como sendo a grande solução para essa questão. Não a educação intelectual, mas a educação moral, pois a verdadeira educação é aquela que é capaz de formar caracteres e implica na aquisição de novos hábitos. A desordem e a imprevidência seriam duas grandes chagas que somente a educação pode debelar.
Com efeito, boa parte dos problemas financeiros das pessoas pode ser reputada à desorganização e à imprevidência. Outra parte significativa desses problemas fica por conta do fato de a maioria das pessoas não se conformar com seu quinhão na partilha dos bens materiais e tampouco se contenta com seu soldo, o que gera sofrimento e inquietações. Por outro lado aqueles que detêm o poder econômico,  não raro abusam de sua autoridade e impõem a seus inferiores excessos de trabalho não os remunerando de forma condizente.
Somente a educação moral e o conhecimento das leis naturais fará o homem compreender que, seja qual for sua situação, riqueza ou pobreza, patrão ou empregado, esta é a oportunidade de aprendizado e crescimento adequada para o  momento vivenciado dentro do seu contexto evolutivo de espírito imortal. Ambas as situações são provas a vencer e trazem em si  suas dificuldades e suas vantagens. Fracassar significa ficar em débito para com  o universo e para com a própria consciência, ensejando em atraso na jornada para a ainda tão distante perfeição.
Aproveitemos pois o privilégio do conhecimento da Doutrina Espírita que nos proporciona as informações e os instrumentos eficazes para nossa educação moral.
“A educação é o conjunto de hábitos adquiridos” Allan Kardec.
Fonte: O Livro dos Espíritos, parte III, cap. 3 – Da Lei  do Trabalho.

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